A expectativa em torno do Plano Safra sempre ditou o ritmo das grandes decisões de investimento do agronegócio nacional, especialmente no que diz respeito à aquisição de máquinas e implementos agrícolas. No entanto, em 2025, o cenário se mostra mais complexo. Em meio a incertezas sobre a taxa Selic e os parâmetros do próximo plano de crédito rural, produtores e empresas do setor começam a olhar para outras alternativas jurídicas e financeiras como forma de viabilizar seus projetos de modernização e produtividade.
A 29ª edição da Agrishow, encerrada recentemente em Ribeirão Preto (SP), funcionou novamente como um importante termômetro do setor. Apesar das dificuldades macroeconômicas, o volume de intenções de negócios foi estimado em cerca de R$ 14,6 bilhões, refletindo a necessidade dos produtores de continuarem investindo em tecnologia para manter a competitividade.
O que chamou a atenção neste ano, no entanto, foi a crescente busca por alternativas ao crédito tradicional do Plano Safra. O motivo? A incerteza sobre as taxas de juros e os critérios de concessão que serão adotados a partir de julho, quando tradicionalmente entra em vigor o novo ciclo do programa.
“Antigamente, a expectativa era muito baseada no Plano Safra. Este ano, a gente sabe que ele está para vir, mas não sabemos como será, especialmente considerando a Selic no patamar atual”, afirmou Denny Perez, diretor comercial da Case IH, marca da CNH Industrial, em entrevista durante o evento.
Esse novo contexto está levando produtores e assessores jurídicos a buscarem mecanismos de financiamento privado, operações de barter, títulos do agronegócio (como CPRs e CRA) e contratos de leasing, como formas de garantir liquidez e continuidade nos investimentos. Essas opções, embora mais complexas, oferecem maior previsibilidade e autonomia frente às políticas públicas.
Para os advogados especializados no setor, a tendência exige atenção redobrada quanto à estruturação jurídica dos contratos, à segurança das garantias e à adequação às exigências regulatórias, inclusive frente à crescente sofisticação dos instrumentos de crédito rural privado.
Diante do novo panorama de incertezas sobre o crédito público, a diversificação financeira no agronegócio deixa de ser uma estratégia de oportunidade e passa a ser uma necessidade de gestão e sustentabilidade jurídica. Máquinas e implementos agrícolas continuam no foco do produtor, mas agora amparados por estruturas contratuais mais robustas e plurais, com a assessoria jurídica ocupando papel central na tomada de decisões.
Com o Plano Safra perdendo protagonismo, o cenário aponta para um agronegócio mais autônomo, financeiramente criativo e juridicamente mais exigente, exigindo dos profissionais do Direito um olhar cada vez mais técnico, multidisciplinar e alinhado às demandas do campo.
Fonte: Canal Rural (2025)