Estudo revela que apenas 24% das empresas familiares brasileiras possuem plano de sucessão estruturado; no agronegócio, cenário é ainda mais crítico.
A sucessão familiar no agronegócio brasileiro tem se mostrado um desafio silencioso, mas de grande impacto. Segundo estudo da PwC, apenas 24% dos líderes da geração atual das empresas familiares brasileiras possuem um plano de sucessão formalizado. Esse índice é ainda mais alarmante no setor agropecuário, onde a transição de liderança é frequentemente negligenciada, colocando em risco a continuidade de negócios que representam uma parcela significativa da economia nacional.
A realidade da sucessão no campo
No Brasil, cerca de 90% das empresas são familiares, e no setor agrícola, estima-se que 40% dos produtores rurais deixarão suas atividades até 2030. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicam que 77% dos estabelecimentos agrícolas são classificados como de agricultura familiar, gerando emprego para 67% do total de pessoas ocupadas na agropecuária e sendo responsável pela renda de 40% da população economicamente ativa.
Apesar dessa relevância, a falta de planejamento sucessório tem levado muitas propriedades a enfrentarem dificuldades na transição de liderança. Estudo realizado pelo Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) e pela consultoria KPMG revela que apenas 31% dos grandes empreendimentos familiares rurais no Brasil possuem programas de treinamento para as novas gerações.
Governança familiar: O pilar da perpetuidade
A implementação de uma governança familiar estruturada é essencial para garantir a continuidade dos negócios no agronegócio. No entanto, pesquisa da Fundação Dom Cabral e da JValério Gestão e Desenvolvimento aponta que mais de 70% das empresas familiares do setor não possuem um conselho de família formalizado, estrutura que facilita a tomada de decisões e o planejamento sucessório.
Além disso, a ausência de planejamento sucessório adequado pode resultar em conflitos familiares, perda de identidade do negócio e até mesmo na venda da propriedade para grandes corporações, comprometendo a segurança alimentar e a economia local.
Especialistas recomendam que o processo de sucessão no agronegócio seja iniciado com antecedência, envolvendo todas as partes interessadas e considerando aspectos técnicos, emocionais e jurídicos. A criação de um plano de sucessão, a formação de um conselho de família e a busca por consultorias especializadas são passos fundamentais para uma transição bem-sucedida.
A adoção de estruturas jurídicas, como holdings familiares, também pode facilitar a sucessão, proporcionando proteção patrimonial, redução de custos tributários e simplificação da gestão dos bens rurais.
A sucessão familiar no agronegócio brasileiro é um desafio que exige atenção imediata. A falta de planejamento e governança pode comprometer a continuidade de negócios essenciais para a economia do país. É imperativo que as famílias empresárias do setor agropecuário adotem práticas de governança e planejamento sucessório para garantir a perpetuidade de seus legados e contribuir para o fortalecimento do agronegócio nacional.